Com críticas fortes à inação do governo e às mentiras da propaganda oficial (ex.:"investimos R$40 bilhões em Saneamento"), Serra mostrou mais uma vez, no debate da Globo, por que é o mais preparado para comandar a nação nos próximos quatro anos. A experiência de administrador público e legislador, a competência e a honestidade e seu compromisso com a oferta de oportunidades melhores para os brasileiros vão levar o Brasil às mudanças necessárias para tornarmos um País soberano, livre, justo e fraterno.
Também estiveram presentes ao debate os candidatos Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Marina Silva (PV) e Dilma Rouself (PT).
Reformas
Na primeira parte do debate, Serra abordou a questão tributária. “Minha proposta de reforma tributária é aliviar a carga de impostos sobre os mais pobres”, garantiu. “Quero tirar impostos de alimentos básicos e de medicamentos, coisa que eu já fiz quando fui ministro da Saúde e governador. Em São Paulo, macarrão não tem imposto, carne eu trouxe o imposto para zero, leite eu trouxe para zero”.
Para Serra, é questão fundamental combater à sonegação fiscal. “A sonegação prejudica aquele que paga imposto, pois acaba pagando dobrado. Hoje a economia informal de é 50%. Quero fazer uma reforma que aumente a eficiência do sistema, a justiça, desonerando cada vez mais os produtos da cesta básica”. O candidato também citou que a carga de impostos no Brasil é “sufocante, a maior do terceiro mundo” e finalizou: "sou contra coisas que foram feitas no governo federal, como o aumento de impostos sobre a água e o esgoto", completou.
Previdência Social
Para o ex-governador de São Paulo, o Brasil precisa de uma reforma da previdência para “separar aqueles que vão começar a trabalhar daqueles que já têm o direito adquirido”. O candidato entende que existem inúmeros problemas a serem enfrentados em um curto prazo, principalmente com as pessoas que já estão no sistema previdenciário:
“Vamos reajustar as aposentadorias e pensões em 10% já no ano que vem, o dobro do que o atual governo propõe, e elevar o salário mínimo a 600 reais, o que também vai beneficiar os aposentados”.
Defesa Civil Nacional
Em seguida, em resposta a Marina Silva, Serra afirmou que criará a “Defesa Civil Nacional”, com bombeiros e técnicos especialistas que possam chegar a qualquer lugar do território nacional com muito mais rapidez para ajudar os estados e os municípios no caso das chamadas “catástrofes ambientais”.
“Vamos qualificar estados e prefeituras para trabalharmos em parceria para esse trabalho e calamidades como o incêndio que teve agora devasta regiões do Brasil, como no estado de Mato Grosso, sem que haja os meios adequados para o combate”.
O candidato lembrou que mais importante ainda é evitar as tragédias e retirar famílias das áreas de risco: “O governo federal precisa ajudar os estados a identificar áreas de risco e tomar medidas preventivas.Eu fiz isso em São Paulo, investindo R$1bi para retirar milhares de famílias de áreas de risco na Serra do Mar e oferecendo casas populares”.
No caso da cidade de São Luís do Paraitinga, que foi inteiramente tomada pelas águas, “tudo o que tinha de mais importante já foi entregue”. No Rio de Janeiro e em outros lugares, as ações se arrastam porque os recursos federais são poucos e a liberação deles é lenta”.
Saúde e Habitação
Como fez em São Paulo, atuando como governador, Serra garantiu que dará ênfase a quatro pilares para a área habitacional: regularização da propriedade; preferência para oferecer moradia para quem ganha até três salários mínimos; urbanização de favelas; a Vila Dignidade, um condomínio de residências para idosos.
Serra criticou com veemência o governo federal por ter aumentado o imposto sobre o tratamento de água e esgoto, tirando dois bilhões de reais que seriam usados no investimento em obras de Saneamento Básico para botar “no caixa do governo e gastar em outras coisas”. Segundo ele, o atual governo não investiu 40 bilhões de reais em saneamento básico “nem aqui, nem na Lua”. “Saneamento é saúde, saneamento está diretamente ligado com a mortalidade infantil, água limpa e esgoto”, concluiu. Quando o Congresso propôs o corte de PIS/Cofins sobre Saúde, a Casa Civil recomendou o veto. Também há mais disponibilidade de recursos quando há mais lisura na administração pública.
O tucano lembrou que foi o responsável, em 2000, pela aprovação da proposta de vinculação de recursos mínimos para a saúde: “Estabeleceu-se que os estados gastariam, 12%; os municípios, 15% e o Governo Federal, a despesa do ano anterior, mais a inflação, mais o crescimento da economia. Isso salvou a Saúde do pior – mas ela andou para trás nesse governo”, afirmou. “Depois, o governo vem inventar que ficou faltando dinheiro para a Saúde por causa da CPMF, quando, na verdade, tinha CPMF e não colocou dinheiro na Saúde” criticou.
Em seguida, Serra prometeu a construção de 150 policlínicas em todo o Brasil, cada uma atendendo 15 mil pessoas em consultas e 40 mil em exames médicos por mês. “Além disso, vou revitalizar os genéricos, que ficaram para trás”.
Bolsa Família
Serra explicou que o Bolsa-Família nada mais é do que a união da Bolsa-Alimentação e do Bolsa-Escola, criadas no governo Fernando Henrique. “Quando eu era ministro da Saúde, criei o programa Bolsa-Alimentação, que chegou a cobrir 1,3 milhões de famílias com mulheres grávidas ou com filhos recém nascidos. Por ter sido um dos criadores do programa de Bolsas, vou fortalecer o Bolsa Família, ampliá-lo, qualificá-lo melhor”, garantiu.
Transporte Público
O candidato tucano citou o descaso do atual governo federal com a construção de linhas de metrô nas principais cidades brasileiras: “Tenho um plano para fazer metrô por todo o Brasil em parceria com os governos municipais e estaduais. O governo atual tirou o time em matéria de transporte sobre trilhos. Em Belo Horizonte, parou tudo nos anos 90. Em Salvador, é um escândalo, porque se gastou um bilhão e não tem nada.Vai para Fortaleza, não tem nada. Mais ainda, precisa ter mais metrô em Porto Alegre, em Curitiba, em São Paulo, no Rio de Janeiro, Goiânia, Recife, Fortaleza e outras cidades do Nordeste”.
Consumidor
Serra criticou o aumento dos preços de serviços prestados ao consumidor, como no caso do reajuste dos planos de saúde - 20% acima da inflação - e a alta na tarifa do celular, o mais caro das Américas, além do aumento do imposto do saneamento.
Segundo ele, o descaso com o consumidor resulta do aparelhamento das agências reguldoras. “No meu governo, essas agências estarão a serviço dos consumidores do Brasil, não a serviço de partidos”, explicou.
Verde e Amarelo
Ao final, com a certeza de quem está cumprindo apenas a primeira parte de uma luta para melhorar a situação do povo brasileiro, Serra lembrou que esteve em todos os debates apresentando suas idéias e suas propostas.
“Percorri o Brasil e senti no olhar, no abraço, nas palavras das pessoas um grande incentivo para a luta de presidir o nosso país. O que eu ofereço? A minha história, a minha vida. Fui líder estudantil, enfrentei 14 anos de exílio – onde estudei e me formei – voltei ao Brasil e fui deputado, senador, ministro, prefeito e governador. Sempre lutei pelo nosso povo, por aqueles que mais necessitam. Carrego comigo esse sentido de responsabilidade numa economia forte para o Brasil melhorar a saúde, a segurança e a educação. Vou agora, domingo, com o verde-amarelo no peito e o Brasil no coração, pedir o seu voto, a oportunidade para, no segundo turno, completar as nossas propostas e levar o Brasil a uma decisão que lhe assegure aquele futuro bom para os nossos filhos e para os nossos netos”.